26 janeiro 2024

Escuro


 


Escuro


Na mais intuição cognitiva, com as mãos dilaceradas,

tateio o caminho numa escuridão de persuasão;

sinto os ossos e cartilagens apalpando ilusões e metáforas!

O couro do pé deixa o rastro de tudo o que fui e o que sonhei!


Nessa anatomia geográfica angustiante,

minha outra mão, intacta, segue segurando um braço esguio!


O tempo e o agora lutam um período volátil e desconvexo!

"Tá tudo bem por ai, pai?"


(DGC) 2024

24 dezembro 2023

CRENÇA



Com essas gravações, críticas e piadas que retratam os piores arrombados sociais de um ambiente, teremos combustível moral e intelecto para colocarmos as superstições onde devem ser inseridas: nas prateleiras mitológicas ou na latrina! Sem jamais nos esquecermos das mulheres queimadas, quando negros não tinham alma, quando a mulher era poço de espermatozóides de varões, do "tome uma bíblia e aceite jesus" que não resolve problemas socias e deixa o Estado gordo e inviável para resolver questões de forma técnica e que vem triturando pobres e sonhos dentro do "deus quis assim" dessa manipulação capitalista de uma idéia controladora e porca que se adapta a cada período histórico! 
Se essa caralhada carregadora de bíblia  -'TODOS" - até de sua igrejinha medíocre ao lado de sua casa, dentro de uma comunidade, às torres de mármores do VATICANO - TODOS - se falarem com algum deus, rasgo o meu cu com esse livro nojento! A bíblia!

CRENÇA

BENDITO É O SER QUE SE ENGANA
COM O INVISÍVEL QUE CRÊ!
COM UMA FORÇA SOBRE HUMANA
CRIA A CRENÇA  AO QUE NÃO VÊ!

(DGC) 




 

11 dezembro 2023

UMA MANHÃ QUALQUER





UMA MANHÃ QUALQUER

 

Acordei de manhã faminto!
- minha mãe chorava; não sei...
queimava-lhe o fel da vida
e eu tinha uma pouca idade.

 

Finge-me um sorriso banguela
fitando-me os olhos com medo:
“- Teu pai já foi buscar o pão;
“foi ver se o homem vende fiado.”

- tive uma infância maravilhosa!!!

(DGC) 2006

24 setembro 2023

EU SEI ATÉ QUANDO ISSO VAI!!!

Eu sei até quando a sociedade vai ficar achando que interpretar um livro nojento desses e sentir comichão no rabo e achar que são "presenças do espírito santo" - ou associando eventos positivos e negativos a "deus quis assim" - na verbalização desses pastores canalhas assimilando sonhos de consumo e posições no capitalismo que dilacera pobres!; sim, eu sei até quando isso vai!!!!! ATÉ INVESTIREM NA EDUCAÇÃO E CONSCIENTIZAÇÃO DE CLASSES SOCIAIS.... se alguém sabe o que algum deus quer, já meta-lhe a mão na cara! É PILANTRA! OU BURRO QUE PODE ASSASSINAR - (não se enganem, o trabalho social mal feito abdica o estado de resolver problemas sérios, de forma técnica e inclusiva - e isso mata de forma lenta! não vou nem falar das fogueiras santas humanas do "deus quis assim") - SÃO SOCIOPATAS COM MANIAS DE GRANDEZA! - numa prisão arcaica que se adapta a cada período histórico!##








 

23 setembro 2023

O PESO DO VAZIO

 



O PESO DO VAZIO



O nada e o coisa nenhuma brincam;
vagueiam nas angústias de um parque esquecido.



Disputam o peso do vazio;
e diante das folhas que caem no outono
escondendo as pegadas da história de todo o meu tempo,


arrombam-me as pálpebras  numa vastidão que não compreendo!



(DGC) 2023


14 julho 2023

SOLIDÕES E SILÊNCIOS

 





Queria encontrar a poesia que me inundasse;

que me afogasse nas certezas de minhas incertas questões!

Que me descobriria o coberto e me acertaria nos erros de mim mesmo!

Queria me cobrir de verbos e interjeições,

adjetivos e substantivos no arquipélago do diálogo universal!


- Só me desencontrei numa multidão gritante de solidões e silêncios...

(DGC) 07-2023



A CERTEZA DOS MEDÍOCRES


 

16 junho 2023

A RELIGIÃO


 Sempre observei duas coisas gritantes da religião: o trabalho social que atrapalha o Estado em resolver problemas sérios e as ansiedades embutidas nos pobres pela caralhada carregadora de bíblia sobre os púlpitos, onde pessoas que não abrem livros são trituradas por um sistema capitalista e, agora, eleitoral; e nem irei comentar os assassinatos desses homens que nunca falaram com deus nenhum!

SE ESSA CARALHADA CARREGADORA DE BÍBLIA FALAR COM ALGUM DEUS, RASGO O MEU CU COM ESSE LIVRO NOJENTO! 

(DGC) 2023

19 maio 2023

A HISTÓRIA DE MEU BLOQUEIO DE CONTA NO TWITTER

Uma empresa que recebe propagandas e ganha por isso recebeu disparos (anúncios) em massa de quase um milhão de reais só de uma corporação aliada a um candidato; - nesses disparos, que não tinham nenhum filtro sobre o que era ou não verdadeiro, bradava do meu lugar e me expressava muuuito nervoso com os que compartilhavam as mentiras. Fui bloqueado nessa empresa; - o outro candidato, o Lula, se elegeu. O ministro da justiça, Flávio Dino, se reuniu com essa empresa para ouvi-la sobre haver regramentos e que elas devem se responsabilizar pelas mentiras de seus anunciadores.... Ao dia seguinte fui pedir meu desbloqueio com a frase abaixo e, pasmem, desbloquearam-me.... Moral da história: nem as milhares de vidas, a ignorância e o desrespeito ao próximo valeram de algo, o que vale é colocarmos pessoas em departamentos públicos que façam valer isso (a dignidade) por lei! pl 2630








13 abril 2023

O texto que não queria argumentar



Este é um texto não queria argumentar ou me dispor a escrevê-lo; - há um duelo do tempo passado e um agora que lutam em uma vastidão ininterrupta de algo que ligeiramente se arma e se desarma num equilíbrio de uma queda em um espaço sem matéria! Ocasionalmente...senciente....de mim mesmo ao vazio que levo de atual!

- Foi estranho, inexplicável, inaudível; - talvez consiga explicar como uma disgeusia de um hoje que tenta saborear uma visão que não existe tateando algo impalpável numa atmosfera cega e sem sonância: a morte e o instante!


Doutores me chamaram; meu pai estava com fratura exposta, traumatismo craniano, funções motoras ligadas aos fios de equipamentos macabros numa sala que arrepiava todo o meu ateísmo; - havia sido ressuscitado algumas vezes, mas nada conseguia trazê-lo. Quase 50 dias! – Ninguém poderia dizer onde estava, mas ele não queria voltar! Pediram-me permissão para deixá-lo ir e eu prontamente sem pensar muito disse: “Deixe-o.” - 


Após desconectarem os plugues ele se foi em algumas horas! Não consegui ficar na sala; não observei seu último suspiro, contudo, tenho até hoje algumas palavras que me confortam o espírito que não existe nos corpos que sei prontamente que apodrecem: o meu e o seu!


(DGC) 2023

28 fevereiro 2023

PARALELO


 

ENQUANTO HOUVER LIVROS "SANTOS" NO MUNDO - JUSTIFICARÃO ATROCIDADES


O fotógrafo turco Ugur Galenkos conseguiu fundir dois mundos diferentes

17 dezembro 2022

GALÁXIA PATERNA

 



Quando vejo a galáxia dos olhos de meu filho
entendo algumas questões universais e filosóficas;
sinto a brevidade dos planetas que o universo decompõe.

Aprecio esse tempo e esse agora;
 - fixo as nebulosas em suas pupilas
que me criam um cosmos único e pessoal
onde a verdade excede como um cometa de agoras!

Em seus gestos sinto toda a história e a evolução de minhas células;
em seu som aguço minha audição de um passado
que grita uma explosão de entusiasmos e aceitações em poeiras de estrelas;


- em seus passos, decerto, sentirá as minhas pegadas no finito!





(DGC) 2022

 

05 setembro 2022

Quando enterrei o meu pai





Quando enterrei o meu pai
transbordava em minha mãe uma feição aleatória;
- uma ocasião repentina de fragmentos tristes num aspecto oculto.

Velamos o corpo; não acompanhou o cortejo e no carro voltou calada.

Percebi uma ansiedade gritante unir-se às suas condições.

Ela ajeitou o tubo que lhe servia o oxigênio às narinas,
olhou-me
e observei suas gengivas, sem a dentadura, num leve sorriso:

“- Ele tá descansando, né?” 

Imaginei o fantasma de meu pai lhe dando um último afago numa coexistência de meus anseios!

Acelerei:

"- Sim! "

(DGC) 09-2022

10 março 2022

GERAÇÕES DE IDIOTAS CARREGADORES DE BÍBLIAS

 

ATEU

Minha casa tinha espíritos!
As refeições que preparava eram do "inimigo":
(termo usado pra quem tem pacto com o diabo);
Minhas desculpas, meus erros: - imperdoáveis!
Meus acertos: - cegos!

Gerações de idiotas carregadores de bíblias;

Elegeram Bolsonaro!
E essa mesma geração conheceu uma legião!
 
Ignorância, mentiras, mortes, antivacinas!

Estão, como sempre, confusos em seus próprios versículos!

(DGC) 2022

03 março 2022

O Voo da morte

 



O Voo da morte



Avisto um pássaro voando com as asas presas no céu!
Uma vastidão de infinito e tempo lutam contra esse adejo;
a ave, solitária, galga-se contra a resistência.



O agora daquele instante,
reflexivo, inconsciente
lembrou-me do vasto momentâneo pouco da vida...


- e a pá que usei para enterrar o meu pai
é, como num voo categórico de carbono e inércias,

apresentada ao meu filho no impulso de meu segundo e vez!



(DGC)2022

22 novembro 2021

AO MEU FILHO!

 






Ao meu filho, horizontes!



Desejo-te o mundo justo,
Intimidades sinceras;
E que o preço desse custo
Venha sem dores severas!

Mas se não vir, deixo o aviso:
- Não teve sortes também!
Ergas o olhar e o sorriso!
Relaxe, vai ficar bem!

Não assedie, não frustre!
Respeite, mas sempre opine!
Não ofusque ou deslustre!
Ser plural, não discrimine!

Estude, leia, indague!
Jogue cordas em buracos!
Responda sempre o que sabe!
Fique a favor dos mais fracos!

É isso filho, o que quero:
- Que fique perto de pontes.
Nas ações, seja sincero!
Sei, - te abrirão horizontes!

(DGC) 21/11/2021

13 outubro 2021

A moça

 





Desde a morte de meu pai e uma avalanche de entusiasmos negativos que não me relaciono com ninguém; - evitando pessoas. É isso! - Questões emotivas desligaram meus desejos e as minhas vontades de homem. Uma fase que a psicóloga garantiu: “vai passar”. Não queria cortejar, galantear ou mostrar-me hábil para amizades, aliás, nunca fui de possuir amigos. Sou amigo de meus versos! E acho que estava e ainda estou voltado para o trabalho e ao meu filho, ou às questões legais para obter o seguro pela tragédia que aconteceu ao meu pai; - manter alimentos na mesa e as contas pagas fizeram-se prioridades diante de um desgoverno federal amaldiçoado pela ignorância. Só não contava que a ocasião e as eventualidades fariam de um momento um novo aprendizado; - sim, uma ocasião eventual: - estava estacionado em um bairro próximo a uma comunidade. Sentado no banco do carro, observo uma moça vindo em direção a mim; - era bonita, cútis branca, cabelos pretos, curtos; esbelta com suas roupas justas carimbavam um corpo com contornos que, de fato, havia me lembrado uma mulher com quem já fiquei e gostei muito! Passa ao lado do veículo, olhou-me e já lhe dei um bom dia com um olhar que uma mulher compreenderia uma intenção de paquera, se é que me entendem! - Ela parou, olhou dentro do carro, buscou minha fisionomia e sorriu: “- moço, sou garota de programa e preciso pagar o meu aluguel; você quer fazer bem gostoso comigo? Sou carinhosa!” - Jamais esperaria esse tipo de contato.... dei um sorriso labial envergonhado e reparei que seu braço direito era um pouco menor que o esquerdo, tinha uma certa atrofia. Observei em sua barriguinha branca um piercing no umbigo, seios arredondados e suculentos com um sorriso acolhedor que fazia tempo que não via....


Sempre digo que se desligássemos o bom senso moral e começarmos a agir pelos instintos, voltamos a uma certa regressão ética; - observei aqueles olhos negros bonitos e esperançosos, um riso levemente tímido; - olhei seu sexo, coxas e seu rosto cintilado pela expectativa: aceitei o programa! - O valor foi algo irrisório, mas pensei em meu senso pagar-lhe mais dinheiro, ajustando o valor ao “trabalho” completo, já que disse que estava fazendo pela metade do que realmente cobrava!


Ela entrou no carro. Indicou um motel na região e segui dirigindo!


Após uma breve conversa no caminho, fiquei sabendo que era mãe e morava com o irmão que não sabia que fazia programas; - pedi um quarto para ficar uma hora. Entramos. Pedi pra tomar um banho; ela disse que já havia tomado! Nos despimos. Estava bem natural e obviamente acostumada com isso! Havia uma certa naturalidade estranhamente inocente. Era realmente muito bonita; cheguei perto dela, vi seu braço mais curto, tentei tocar em seu corpo; cheirava bem. Uma vagina linda! Deitou-se na ponta da cama e se abriu para a relação. Disse-me que seu braço, após eu ter olhado algumas vezes, era resultado de nascença e que já havia tido uma paralisia cerebral; - tentei não me ligar ou pensar nisso; - fazia tempo que não ficava com uma mulher e reparei que ela não havia tirado o sutiã... Cheguei por cima dela acariciando seus seios e tentando tirá-lo; - ela segurou a minha mão. Disse que estava amamentando e que seus seios estavam com proteção. Eu insisti. Ela disse que não tinha muito tempo pra ficar. Tentei não me ligar à sua condição; busquei os seios novamente; - ela insistiu que não, mas tirou o sutiã e removeu também a proteção de um dos mamilos; protegia os bicos e as aréolas, contudo, disse que poderia ficar com apenas um. Não sei o que me deu, o que se passou naquele instante e perguntei o nome de seu filho e se estava com o pai. - Relatou que a criança não conhecia sua paternidade. Foi um programa  que havia feito e o cliente havia tirado a camisinha.


Por um momento lembranças  do meu filho transbordaram daquele instante e fizeram a não me conceder o toque naqueles seios, naquela mulher... Fiquei com um certo remorso e pena e perdi qualquer intenção de sexo ganhando uma situação reflexiva. Parei o programa! “Mas você vai pagar, né?” - “Claro que sim”, respondi!


Não falamos muito após contar sobre o filho; disse a ela que sentia muito; - colocamos a roupa, paguei o programa completo, entramos no carro, saímos do motel e ela desceu logo em seguida. Uma tristeza e um arrependimento gritaram em minha natureza de homem; tentáculos imaginários vinham da terra e grudavam em meu pescoço tirando a respiração e fazendo-me calar um choro que abafei; - afastou-se do carro e pude observar pelo espelho que ela levemente mancava com um andar mais rápido do que quando vinha em direção ao carro no início.


Pus-me a dirigir envergonhado comigo e com os olhos irrigados de melancolia; queria naquele momento que o chão se abrisse em uma fenda e me engolisse; o dia ensolarado, nublou. A respiração ficou ofegante e gradualmente faltava ar na busca da oxigenação de meu corpo diante desse processo de consciência.





Dirigia para a casa e tenho uma leve impressão de que até hoje, não cheguei!







(DGC) 2021





 

 

06 setembro 2021

A BREVIDADE, A EXISTÊNCIA E O CAFÉ






Ainda gostaria de tomar um café com a Existência;
Entre os corredores das Indagações e o departamento dos Segredos;

- eu lhe faria o café!

Explodiria perguntas entre os espaços das concepções às extinções;
das incertezas do universo e o infinito certo da vastidão do instante.

Confidências e, decerto, ouviria o seu choro...

E entre os goles da bebida quente,
minha compreensão e paixão por tudo que sinto seria o do perdão...


Nesse paralelo de minha consciência e ao teor da amplitude,
estrelas se explodem por mais uma fatia de infinito!

E diante de nosso breve migalhas de luz caem do céu em todo o nosso momentâneo!


(DGC) 2021


20 agosto 2021

DESPEDIDA



Nunca ortografei a geografia que não vivi;
os indícios, as interpretações e a atmosfera de meus encalços;
o simples no dorso do cotidiano de galope com o casual;
ou o momento que não fosse da minha carne em sua verdadeira posição!


- sempre busco gestos sinceramente emotivos;
dúvidas que indagassem a metafísica das incertezas.
Meu sangue nos versos; 
da jugular à poesia!


- Quero enxergar a vida que se esvai do corpo
ao mesmo tempo que a concepção afronta nossa posição na persistência:


- buscando explicar a ocasião de uma pá fincada ao lado da cova - aos soluços da despedida!

(DGC)  08/2021


 

14 agosto 2021

Medo do escuro




Tínhamos feito amor. 
Era noite.
Conversávamos algo sincero num quarto quase escuro.
Na rua, um carro passa e aponta os faróis para a janela do apartamento.

Uma sombra na parede se movimenta.

Ela repara que me paro e que observo o movimento da luz.
Tenho medo do escuro!
Poucos sabem dessa condição!

- Ela sabia!

De repente se abre o riso;
não sei o porquê - sorrimos juntos!


Hoje, essa lembrança e o medo me ocorrem no mistério dessa anatomia!


(DGC) 2021

08 agosto 2021

31 julho 2021

O AGORA E O TEMPO











Meu agora e o tempo lutam!
O céu desmorona em interrogações;
cometas passam levando segredos nas caudas
e observo algumas respostas na galáxia dos olhos de meu filho.

Sento no canto da visibilidade
onde habitam cegos dessa turbulência atemporal.
Sirvo a minha taça de mais uma dose do momento, bebo!

Na garganta, desce o grito com sabor da verdade!
Um som que rasga, sangra, com um paladar de circunstância única de meu silêncio!

-  poucos estão preparados para engolir o tempo, nesse agora!

(DGC) 2021









27 julho 2021

MEU PAI!






Eu acordava pela manhã e na maioria das vezes tomava o café que o meu pai preparava! Construímos uma casa sobre a casa dele. Eu moro nessa casa. A fizemos juntos! E o legal foi que o meu filho ajudou! Três gerações carregando tijolos. Foi uma construção de emoções. 



Conversávamos sobre nossos assuntos pessoais; sobre o término da reforma desse lar... -  é fato: eu sempre aplicava "pegadinhas" nele, piadinhas relatando a sua idade... era um momento nosso.  Eu sou um piadista; - quem me conhece, sabe! Ele ficava bravo... eu o abraçava!


Ele sofreu um acidente! Foi atropelado... imagine... a gente cuidando pra não pegar covid, foi vacinado e o algo inesperado se faz! Fratura exposta; traumatismo na cabeça e me vai parar na UTI diante de uma pandemia!


Eu sempre relatei que não acredito em nenhum deus, nenhuma religião e isso é resultado de leituras de livros de sociologia, filosofia... entender a história para compreender o presente da vida! Escrever poesia! E claro, não vejo essa força celestial no mundo. Ponto!


Sei que em nosso céu há muitos segredos e esses mistérios vão sendo descobertos aos poucos, à medida que os telescópios vão ficando melhores – se é que me entendem! E concluo que precisamos dessas lunetas voltadas para os nossos corações; - têm outros mundos em nossos íntimos e precisamos enxergá-los também... se não desvendarmos o nosso âmago, não estaremos preparados para as respostas do universo. Não sei explicar, mas essas respostas irão doer! Eu sei! Não me pergunte como!


Compreendo o meu lugar nesse momento, nesse agora; -  e sei minha posição nessa cadeia de eventos... entendo como ninguém o quanto somos breves nessa vastidão atemporal... e por compreender e tentar entender isso de uma forma não mística ou religiosa fui diversas vezes colocado de lado; disseram que precisava de terapia, já fui traído - enfim -   mas sei que no amanhã  posso perder a oportunidade de abraçar e demonstrar afeto; - por tentar melhorar, por tentar dar segurança... - uma vez presenteei uma moça muito bacana (estava apaixonado) que me disse que não comprava cremes femininos, perfumes e shampoos caros; só comprava promoção de super mercado. Eu comprei pra ela.  Ficou brava. Disse que eu precisava guardar o meu dinheiro para o “amanhã”... -  não consegui explicar que o amanha  pode não chegar, pois não controlamos essa cadeia de eventos! E que o agora luta constantemente com o tempo diante de nossa posição!


E hoje, aqui, firme e entendendo a minha posição nessa cadeia de eventos aleatórias com a pá em punho e a cova aberta para enterrar o meu pai percebi que posso até precisar desabafar com alguém que estude o comportamento humano, mas quem precisa de uma cura são justamente quem não compreende que o amanhã - talvez - não chegue, que gestos de amor podem acontecer a qualquer momento e que tem assuntos que não precisam de explicações; - que pode ser tarde demais para um gesto que possa poder semear boas atitudes e caminho limpo aos que virão...


Hoje, com o pá em punho, sei que quem precisa de terapia é o mundo!  E me dou alta!


Amo meu pai e não me arrependo de cada piada, cada abraço forçado; os beijos roubados; os presentes e a companhia!


E como já disse em uma poesia: "(...) quero sonhar que seja bom o cemitério, antes que eu apodreça!" - ou em outro verso que peço perdão ao meu filho quando digo que ouço a velhice batendo na porta, mas não quero encontrá-la! - A certeza é que estou aqui, num mundo de pessoas que se compreendem em suas certezas e me mostram a imcompreensão do tempo e do agora-  na colateralidade fútil do começo e fim!

DGC 2021


 

 

13 julho 2021

Meu pai e o tempo




Tenho lembranças rudes e brandas de meu pai!
Elas se tornam um arquipélago na imensidão do óbvio!
Tenho hoje a sua profissão e transbordo a atitude daquela vontade.
Os tijolos de minha casa foram assentados com os seus músculos.


Forte, honroso; impaciente e de humor rústico!
Suas mãos calejadas sempre abrigavam obrigações do suor e espaço!
Ele, de fato, ergueu o meu lar perto do céu!

Acho que sabia que precisava disso!

Eu passava os blocos e as dúvidas;
jogava no infinito e ele pegava no andar de cima; - as paredes cresciam!
As dúvidas, algumas sanadas e as outras galgavam pelas incertezas fundamentais.

Hoje, estou perto das nuvens; -  faço o café, abro uma janela
e entram as memórias paternas com o vento.


Sinto as pegadas e o aroma dessa bebida
caminhando nos cômodos de sua engenharia e história...

Sinto vivo cada tijolo assentado na minha casa;

 
- fui construído, naqueles dias, em cada cômodo do meu agora e tempo.




(DGC) 2021 ao pai

 

SIMPLES





Simples! E nela me vago!
A vida é um som de pingo
que se absorve no lago
de um infinito que extingo!

E sigo, no irresoluto;
único lago do mundo;
as ondas de um absoluto
mergulho do peito profundo!

De mim mesmo sou submerso;
nessas águas de frio, tremo!
O barco torna o universo;
os meus sentidos, o remo!

(DGC) 2021

10 julho 2021


Teto



Tenho todo o vácuo do mundo quando deito em minha cama;
As paredes descem como um universo de lembranças ocas
quando a solidão se forra pelo peito e anseia o incógnito;
-estalactites afiadas que relutam na memória uma galáxia expressiva!

Cosmos de mim mesmo presos em caudas de cometas com segredos que nunca saberei;

estrelas que vagam brilhos e negritudes em buracos que me perco e as mágoas se encontram!


O meu teto é a expressão dessa da luta imaginária;
uma explosão cósmica de meu próprio conhecimento;
uma vastidão de ciências e filosofias de minha própria evolução!


(DGC) 2021

28 junho 2021

OPOSTOS



Os bolsos da calça não são mais minhas algemas. Minhas mãos são livres! Contudo, nos mesmos bolsos carrego de um lado a realidade e do outro levo o oposto. - E quando preciso pagar a conta que me cobra a existência, por não me reconhecer nos balcões dos acertos, por vezes, pego a moeda errada com a dívida certa; ou a despesa errada com a espécie certa!


-E vou passando entre os devedores, em meu universo, no paralelo da minha realidade e de meu oposto, procurando nos bolsos o real valor de minhas próprias aquisições!






(DGC) 2021
 a doutora

27 junho 2021

ILUSÃO



Quando faz o costume do pouco:
- seja amor, seja humor, seja abraço:
Quem oferta isso tudo é louco;
É pessoa de tudo - pirado!

Se conheces à própria elegância
Que viveu sua vida no raso;
Quando o amor lhe tem em abundância
Desconfia e troca em descaso.


O real é de tudo ofensivo,
Não se vê gratidão na atitude:
E qualquer sentimento intensivo
É a razão da paixão que te ilude?



(DGC) 2021

10 junho 2021

SENSIBILIDADE




A sensibilidade é uma companheira sorrateira:
joga-lhe lágrimas, vergonha, ódio, compadecimento, tudo!

Só não existe cura, não desacompanha e nem lhe ameniza a dor.


Em instantes lâminas de sons e imagens rasgam um senso de empatia
e em outros,


minha sonoridade dança com a fonopatia!

(Douglas GC) 06/2021

09 maio 2021

SOLIDÃO

 



SOLIDÃO



Pinga a torneira esquecida;
o silêncio é quebrado pela gota.



Entre a solidão e aquele som,
fantasmas rodeiam as minhas lembranças!



Arregaçam-me os olhos e nascem em partos;

- o fórceps é o timbre daquela melodia...



(DGC) 05/2021


24 junho 2020

BASEADO EM UMA MULHER REAL




Era a segunda vez que estávamos juntos... Paquera de aplicativos de namoro: - eu estava atrás de conversas adultas, papo de travesseiro, companhia e claro, sexo... – Ela não gostava de ficar sozinha; custou a largar o pai dos filhos dentro de um relacionamento abusivo e com agressões...
Fomos a um hotelzinho simples; acomodações aconchegantes, mas sem confortos absurdos. Ficamos. Conversamos, transamos... Amei... uma super moça guerreira...
Mas sou um cara que sempre anda com fome; lembro-me que da primeira vez que transamos, naquele mesmo hotel, não havia pedido nada para comer.
Dessa vez, já era tarde, havia trabalhado o dia todo e não tinha almoçado. – Perguntei o que ela queria. Disse-me que gostaria apenas de um suco de laranja. Ok. Mesmo assim, eu pedi então dois lanches com carne, queijo, batatas fritas, uma água e uma cerveja. Ela brigou sobre a cerveja, cancelei. Fizemos amor novamente, afinal, demoraria 45 minutos para a chegada dos pedidos ao quarto.
Chegam os lanches. O suco estava amarelinho, como ela gostava, enfatiza... Veio muitas batatas fritas. Eu amordacei o guardanapo e pus-me a saborear primeiro. Muita fome; “não me julgue”, brinquei! Conversamos mais e mais. Tomei uma coca no lugar da cerveja, ela, o suco. Reparei que ela não havia tocado no lanche. Observou que isso me incomodou e logo vejo ela embrulhar o pedido; - pergunta se me incomodaria se levasse o lanche pra casa. – Disse que não, mas indaguei... Acabei sendo empático como uma situação única e um gesto maravilhoso: - “Não consigo comer essas coisas com dois filhos em casa que amam hambúrguer e batatas fritas...”
Sensibilizei-me! Brinquei; uso a piada pronta e o bom humor para deixar qualquer situação incomum notadamente normal: “ - Mas você tem dois filhos, vamos pedir mais dois, ai você come e eles também...” - e com muita insistência dela a não pedir mais dois lanches, pedi! – A levei pra casa com o pedido e mais uma porção de batatas e já remarquei outro encontro, afinal, uma mãe que sempre pensa em seus filhos, merece a atenção e o respeito com doses extras de atenção!


(DGC) 06-2020

07 agosto 2019

09 julho 2019

Social Biologia







ela me diz a verdade,
embutida e enlatada no riso;
no certo da ambiguidade
de um contrário indeciso...

ela me diz a verdade
nos traços da incerteza;
no bem da insanidade;
do grotesco da fineza!

copula na sua lógica
a social biologia
a verdade: pedagógica;
a mentira: quando queria!






(DGC) 2019




21 fevereiro 2019

MASCULINIDADE FRANCA










Há um peso sobre os ombros que desconheço!
Uma avalanche de anseios que esquartejam o instante;

Não me concordo como homem; não me agrado de que sou...

Tudo fica descolorido.

Meus olhares são difusos, e desonestos, e desconfio...

A multidão masculina é o organismo incompetente e hilário:

Estou em um período que não o desejo;

e quando me reconheço, entre a franqueza e goles de avareza,
abraço o desconhecido em uma taça de infinito!

(DGC) 02/2019


16 janeiro 2019

Um Oceano


Em um oceano de segredos e revelações,
rompe-se um aleatório casual de ciclos de angústias!

As marcas de todas as pegadas se apagam nas ondas que se quebram.

Uma extensão de história se extingue e se remonta com o princípio e o fim.

O universo indaga e brinca com os sentidos dos que não se conformam ...


O paladar, a visão, o tato e a audição arrombam a existência das interrogações;

- brincam, de mãos dadas, com os segredos do princípio!!!







(DGC) 01/2019

05 janeiro 2019

Homem




Há um peso sobre os ombros que desconheço!



Uma avalanche de anseios que esquartejam o instante;

Não me concordo como homem; não me agrado do que sou...




Meus olhares são difusos, e desonestos, e desconfio.


A multidão masculina é o organismo incompetente;


Olhares míopes de uma evolução volátil....



Apertar a gravata é a arrogância de nossa própria forca!






(DGC)













17 novembro 2018

O MUNDO LÁ FORA - POR NICKOLAS CREMASCO


PEDIRAM PARA O MEU FILHO ESCREVER UMA POESIA EM SUA AULA DE ARTES; "EXPRESSE SEUS ANSEIOS E MEDOS..." -DISSE A PROFESSORA A ELE.... JAMAIS IMAGINAVA ESSA PEQUENA OBRINHA. COMO PAI BABAÃO EU JÁ INDICO A FAZER O SERVIÇO COMPLETO... RESCITE, GRAVE E PUBLIQUE!!!! TE AMO, FILHO! E PODE DEIXAR, SEI ME CUIDAR.....

26 setembro 2018

Pegadas





Desço a rua:
calçada, asfalto, reações...

O óbvio explícito congestiona as minhas questões!

-Somos tão permanentes conosco e incógnitos em nossas atmosferas....
Portões se abrem e fecham nos entrelaces de questões individuais.


Olho para trás e meus passos apagam os indícios de outros encalços.
Neste instante de reflexivo discernimento ponho-me ao chão...

ajoelho-me...

- sobre as pegadas dos que já se foram distingo o rastro das possibilidades!





(DGC)05/07/15

22 setembro 2018

Porta aberta




As imagens passam na janela do veículo;
- muros, portões, cercas...,
mas,
de longe avisto uma porta aberta...

Em instantes paro o carro, estaciono; puxo o celular do painel...
vou em direção àquela única abertura em quilômetros....


decerto, sonhava! Já sabia disso!


Adentrei e observei milhares de cartazes presos em um ar de sobriedade...
(não consigo explicar de outro jeito....)


“Ao entrar, livre-se de você mesmo!” – isso era o que lembro; -

acordei, com uma mensagem instantânea no celular gritando um trabalho...
Liguei o veículo (às vezes cochilo no carro) e pus-me em direção ao caminho...


Não costumo sonhar, a vida não permite, pelo menos a que levo;


- não carrego superstição ou interpretações aleatórias de qualquer filosofia...



Não costumo explicar ou me entender, mas costumo escrever... e isso foi o que fiz...


E sei que todos os dias, carrego comigo um recomeço!





(DGC) 2018

28 julho 2018

AGLOMERADO DE RAZÕES

O lamento soluça a traqueia em uma angústia reprimida;
o peito em rancor padece ao choro inexpressivo
e a alma prostra alucinada uma guerra com a consciência...

- ambas querendo que as reconheço entre harmonias explosivas


Contudo, enquanto rasgam o peito –
surge da fenda o passado sangrando em galopes de cometa...

e nunca o universo foi tão solitário num aglomerado de minhas próprias razões.

 (DGC) 2018
                       

14 julho 2018

AUSÊNCIA





Uma ausência real
de espaço
ignorada pelos sentimentos que,
de fato,
tornam uma razão tentável,
faz a imensidão dos acasos da vida
também se referir aos acasos
de tudo o que possamos, na ordem, sentir...

Portanto, da menor matéria
ao encalço da explosão do universo,
ou,
de Gênesis ao Apocalipse,

(decerto não importa):

- Quando começamos a documentar
a história, a evolução e os meios,
criamos os que acreditam nisso ou naquilo e
entre esse espaço admissível,
há quem lhe lave a face com saliva
e quem a limpe,
com opostos trocando de lugar nos períodos que lhe cabem!

(Douglas G Cremasco)

18/01/2010

13 julho 2018

AMOR




O amor é simples de não acreditar!
Há quem o duvide.

Sobre os anseios do homem,
o amor é uma palavra inventada,
assim como ódio,
para explicar cognitivos.

Ambos se explodem e renascem
numa tênue luta de convívio e ações.

Andam juntos:
como o simples e o complexo numa conexão paralela de razão e insanidade!



(DGC) 05/07/18

INDECISÕES















Do universo, 
a multidão é o algo único que se distingue em sua própria pluralidade.

Entre a exatidão próxima do acaso e o caos,
a individualidade se enquadra nos rastros das questões próprias

a rudimentar indefinição do que queremos...

e quase sempre, os censuráveis são os que provam as suas indecisões.




(DGC) 27/07/17